12 março 2011

Protesto colectivo - Para memória futura

Foto Publico.pt

"Tive" mesmo que ir. E ainda bem que fui.

Mesmo com os contras.

Mesmo tendo percebido que "no meu círculo" a leitura do protesto não era a mesma que a minha. E fará sentido participar de uma iniciativa colectiva se a mensagem que passa não for a que nós pretendemos? Ou até contra a que pretendemos?

Fica o memo da coisa:

- É possível mobilizar e organizar as pessoas num protesto político, mas sem partidos, sindicatos e quejandos a orquestrar;
- Foi claramente uma manifestação de mal estar com a falta de justiça, integridade, transparência, equidade, meritocracia que pautam a vida colectiva do país;
- A heterogeneidade dos participantes era enorme - universitários, famílias com bebés, crianças e adolescentes, pessoas de meia idade, idosos. Tanto quanto se pode julgar pelo aspecto das pessoas (e pode-se julgar bastante, habitualmente...), também o ecleticismo de estratos sociais era significativo;
- A forma de dar corpo ao próprio manifesto foi muitas vezes criativa e inteligente (por exemplo o "acetato gigante" dizendo "Queremos mais transparência" ou a gigantesca bandeira portuguesa que no lugar da esfera armilar exibia um "+-").

Dou razão a quem diz que é fácil protestar e criar consensos mesmo entre aqueles que têm divergências irreconciliáveis* quando não se propõem soluções concretas.

Tenho no entanto a convicção que a motivação para construir pode ser grande quando se sabe que há muitas pessoas, muito diferentes, mas com uma ideia em comum.

E aqui a ideia é que assim não podemos mais continuar.

* Hoje na Avenida da Liberdade compuseram a manta de retalhos, para além da maioria composta por cidadãos que não vestiam outra camisola que não a sua, portadores de cartazes de agradecimento ao "camarada Estaline", skinheads, um grupo pelo planeta e os animais, entre muitos outros... concerteza que terão ideias muito diferentes sobre as soluções a adoptar, se é que têm alguma, em muitos casos.

PS: Não há nada tão poderoso como uma ideia cujo tempo chegou (Victor Hugo, citado de cor i.e. sem rigor :)).

1 comentário:

  1. Acho que sim, que a mensagem que se pode tirar de uma diversidade tão grande de queixas e de um grupo tão grande de pessoas, é de assim "já chega":


    "Foi claramente uma manifestação de mal estar com a falta de justiça, integridade, transparência, equidade, meritocracia que pautam a vida colectiva do país;"

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