08 março 2011

Protesto colectivo - participar ou não?

O meu historial de participação em "manifestações" públicas é pequeno.

Cronologicamente, houve a PGA, Timor, muito mais recentemente os direitos dos animais e a overdose homeopática. O número de participantes decresce com a progressão cronológica.

Isto é, estou a tender claramente para a manifestação de uma pessoa só. (Dêem-me mais um evento ou 2 :D)

Agora estou num dilema. Participar ou não no protesto marcado para dia 12 de Março - que teve a génese na manifestação da geração parva ou à rasca ou enrascada ou lá o que se queira chamar, mas que já cresceu muito para além disso - o facebook pariu uma montanha.

Recorrendo então ao velho método dos pros e cons:

Pro
  • Sinto-me zangada com várias coisas e com vontade de o dizer. Não em nome próprio, mas de forma geral.
  • A principal "coisa" é a falta de justiça. Não há equidade na distribuição dos esforços e dos proventos, não vejo a actual máquina do Estado em geral como uma pessoa de bem/ justa, falta meritocracia em geral, a justiça dos tribunais não funciona como devia.
  • Acho uma lástima para o país que algumas das pessoas mais bem preparadas para fazer a diferença estejam sub aproveitadas e/ou a sair.
  • Não vejo uma estratégia nem rumo para mudar o estado das coisas. E eu própria não vejo claramente como fazer parte da solução. Parece-me óbvio por esta altura que ser uma "boa cidadã" cumpridora das minhas obrigações (fazer o melhor que sei e posso no trabalho, na família, em sociedade, votar e pagar os meus impostos,...) é insuficiente.
  • Sinto quem me rodeia sem apetência para a coisa pública, mesmo quem já a teve e participou activamente. Quantas são as pessoas de bem que estão disponíveis para a política, para os seus compromissos inevitáveis e os ataques pessoais?
  • Um grande pro - dar visibilidade a um mal estar que é transversal - a gerações, estratos sociais e profissionais. Mandar uma mensagem de que há coisas que é imperativo que mudem (não vou especificar mais, senão fico aqui para sempre...).
Con
  • Não me apetece aparecer no head count sensacionalista dos oportunistas que tiram partido do quanto pior melhor, partidos políticos, media e arautos da desgraça incluídos.
  • Não quero ser confundida com uma protestante-contra-a-precariedade-dos-recibos-verdes e pró-emprego-para-toda-a-vida-mesmo-que-não-valha-deliberadamente-o-que-como. É que a política defendida por estes últimos é em grande parte responsável pela iniquidade dos falsos recibos verdes e é um entrave à meritocracia. Tanto quanto sei, é praticamente impossível despedir a pessoa mais inepta, preguiçosa, desleal, improdutiva e até sem integridade desde que esta cumpra um mínimo muito mínimo de regras.
  • Gosto mais de estar do lado de quem propõe soluções do que de quem só chama a atenção para os problemas.
  • Não estarei lá para protestar em nome próprio, mas em termos mais gerais. Não tenho uma "agenda pessoal" específica e quero que isso fique claro.
Parece que os pros são mais do que os cons...

1 comentário:

  1. Ola

    Compreendo o dilema.

    Cada vez mais acho que é importante uma participação dos indivíduos na sociedade, senão a democracia não funciona. Penso que só votar não chega, é preciso mostrar que tipo de lideres procuramos e o que queremos.

    E há coisas nos dias que correm que não podem continuar.

    Só acho que faltou mais um contra a ida. É que há mais maneiras de protestar.

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